PALAVRAS de IRENE DÓRES: "O Papa do Povo e a Humanidade Carente"

Todo mundo falou do Papa Francisco, menos eu, então fiquei num processo de elucubração eletrizante; o que falar desse pontífice de nome novo para a Igreja Católica? Primeiro pensei na máxima: “deu zebra no Vaticano, todas as expectativas foram vãs”, mas após saber que Jorge Mario Bergoglio havia sido o segundo na linha eleitoral em 2005 mudei de ideia e pensei: “O Papa é argentino, mas Deus é brasileiro” depois, “A Argentina ganha do Brasil até na escolha do Papa”, logo depois, “O Papa é argentino, Messi é argentino, e o Brasil só toma gol”. Nossa! Quanto humor, brasileiro leva a própria derrota na brincadeira, mas se estressar pra quê? Tudo segue como deve ser, ou como as populações do mundo ocidental precisam que seja. Na moral, eu tinha tanta coisa pra falar sobre o Papa, mas ele não quer muita coisa, aliás, como fez Francisco de Assis, ele se despe de vaidade para ser apenas um homem dos pobres e da natureza.

Desde que consegui visualizar e compreender de maneira crítica aquele anúncio: “Habemus Papam”, penso que pela primeira vez, realmente me atentei para a importância desse cargo e o sentido do pontificado papal na vida das pessoas católicas. Todos sabem, inclusive eu, que aquele senhor representa a autoridade máxima na Igreja e seu pensamento atinge os seus fiéis de maneira a fazê-los viver e emitirem opiniões sobre certas práticas na certeza de que estão, senão acima do bem e do mal, mas um pouco mais elevados do que aqueles considerados bárbaros (linguagem usada na Idade Média para classificar os não-participantes da religião ou cultura oficial de Roma). Vendo a eleição do pontífice dessa maneira, posso avaliar o sentimento das pessoas ao receberem um Papa novo sem saber de fato o que virá moralmente com ele. 

Ao observar de forma pedagógica o comportamento do Papa Francisco, só posso dizer com muita certeza “esse Papa é pop”. Pop porque se faz ver como pessoa e não como ídolo; pop porque é latino americano, portanto nós brasileiros também estamos na fita, enquanto continente exportador de Papa, mas é só isso. Como diria o personagem vampiro de Chico Anysio: Papa brasileiro, só nos sonhos dos religiosos mais apaixonados. Ninguém dá essa importância ao Brasil, ou será que os candidatos brasileiros “não são proveitos e sim pura fama”!? Caetano Veloso falou algo parecido, lembra? Pois é, e aquele ditado que diz: “nem tudo que reluz é ouro”? Se Deus quer o melhor para os seus filhos, então mandou o mais humilde para guiá-los. O planeta Terra está precisando de humildade. E esse requisito está escasso. 

Francisco de Assis nasceu rico e renunciou a tudo para servir aos mais necessitados e cuidar dos animais, e o mundo nesse momento precisa de cuidados com as pessoas e com os animais, a natureza está doente; quem sabe, esse olhar doce trazido pelo Papa toque no coração da humanidade realmente religiosa fazendo-a transmitir mais amor e aumentando o nível de consciência - porque religioso não é quem decora a Bíblia, mas quem exerce a fé cristã e consegue seguir os ensinamentos de Jesus. Quem sabe, o Papa Francisco repita o feito de Francisco de Assis e consiga ensinar, outra vez, para a humanidade a ser menos orgulhosa, a cuidar mais do seu próximo, a preservar a natureza e distribuir mais amor; talvez até tornar os seus gestos mais simples e suas dores mais brandas! Oi, muita calma nessa hora, eu não sou conselheira espiritual, mas tenho meus valores e admiro os de Francisco, ele é o cara! 

Vamos fazer um quiz de brincadeirinha! Então pense aí, você rejeitaria um anel de ouro puro, uma joia de pescoço do mesmo valor, um trono de ouro, uma morada muito luxuosa para viver em aposentos bem modestos? E os sapatos vermelhos que lhe dariam a demonstração de poder e soberania abaixo de Deus? Usaria também roupas mais simples podendo usar as mais caras? Esses são poderes muito tentadores, portanto, difícil de dizer não, viver no luxo é tudo que o ser humano deseja, pois a simplicidade significa pobreza e ninguém gosta de ser pobre, né? Mas existiram algumas pessoas no mundo que preferiram a simplicidade à riqueza, veja alguns deles: Francisco de Assis, Ghandi, São Marcos, São Brás, Buda e Mahavira. Essas são algumas das personalidades conhecidas, mas existe uma lista bem mais extensa. Posso inclusive dizer que são espíritos (pessoas) muito evoluídos que já não precisavam mais de luxo para viver bem, pois só estiveram aqui na terra com a missão de ajudar a humanidade, essas pessoas acreditaram que servir aos necessitados era mais proveitoso para si mesmo. Porque ninguém faz nada pelo outro, tudo que se faz na terra é revertido para a própria pessoa. 

Amigos e não-amigos, o exemplo que o Papa Francisco está dando é realmente lindo e merece ser copiado, reproduzido, imitado, disseminado tudo que você entender como realização do bem. E as pessoas que dizem ser religiosas, sejam elas de que grupo for, devem tomá-lo como exemplo e praticar sempre o bem despidas de vaidades e de orgulhos, como o fez Francisco de Assis. 

A chegada do Papa Francisco promete renovar as esperanças da Igreja na (re)conquista e manutenção dos fieis numa das religiões mais antigas do mundo; a sua disposição para fazer uma nova política de entendimento com seus religiosos fica escandalosamente visível no seu comportamento diário como as saídas do papa móvel para tocar nas pessoas na rua, o pedido de benção e de oração aos fieis, a recusa de luxos e a preocupação pela evolução do espírito humano. O novo Papa pode ser uma dessas pessoas que vieram para terra tendo como missão fazer a transformação do seu meio e deixar o seu exemplo de humildade e amor como o fez Jesus Cristo em sua época. 

Não se deve e nem se pode esperar que este novo Papa faça mágica e consiga consertar todos os erros cometidos pela Igreja, até porque ele nem é santo ainda, e nem santo dá jeito nas mazelas humanas. E nós, os simples humanos aqui de maneira cética, laica e/ou muito cristã, seguiremos nossas vidas de maneira normal, mas não deixando de enxergar que este Papa é Pop, a Igreja é conservadora e os fieis fazem a roda da cristandade girar.