Irene Dóres |
Entre esses três teatros citados, o primeiro foi se transformando no decorrer do tempo e se descaracterizou totalmente, passando a ser sede da secretaria da Agricultura da Bahia e, em 1970, o patrimônio público foi doado por ACM para a Federação Baiana de Futebol, onde funciona atualmente o Palácio dos Esportes. O Teatro São Carlos teve mais sorte, o município conseguiu seu restauro completo e tombamento pelo IPHAN, o Teatro e uma igreja foram entregues à população de Rio de Contas em 2014.
E nosso Teatro Municipal, como vai se acabar? Porque abandonado ele já está. Nossa luta é grande e já está maior de idade, entra prefeito, sai prefeito e ninguém nos ouve, nem olha para o Teatro, parece que estão esperando um milagre. Mas milagres são difíceis até para quem acredita muito. Nosso Teatro Municipal está deixado de lado, como acontece com muitos idosos; mas porque ele é idoso, ou porque a cultura é vista como não necessariamente necessária? E o patrimônio em que lugar se encontra? Acho que os governantes nem sabem o que é patrimônio, também não se percebem como parte da história do seu lugar, porque caso se percebessem certamente se importariam com a manutenção de sua história. Ou, nem sabem o significado de fazer parte da história. E nesse não conhecer, entregam o patrimônio para uma pessoa leiga sem orientá-la dos cuidados que precisam ser tomados com o patrimônio para garantir sua integridade.
Dessa forma aconteceu em Valença, com nosso Teatro Municipal. Hoje, 10 de junho de 2015, as portas do Teatro amanheceram com seus arabescos no chão. Retiraram tudo, feriram a fachada de um patrimônio cultural e histórico, que é a beleza da Praça da República. Quem é culpado por isso? A administração pública, pois foi ela que colocou ali um funcionário contratado, sem lhe treinar para preservar o bem público e histórico. O funcionário sem noção do valor patrimonial, mas preocupado que os arabescos muito gastos pelo tempo caíssem sobre um passante, fez a retirada dos mesmos deixando a faixada “ferida”.
Até entendo a preocupação dele, porém como artista e historiadora, que preza pelo patrimônio histórico e cultural, não tenho nada a ver com o erro ou com boas intenções do funcionário. Eu e a população de Valença queremos os arabescos RESTAURADOS. Porque independente da falta de conhecimento do funcionário, a prefeitura responde pelos atos de seus contratados.
Para além da responsabilidade, a prefeita Jucélia prometeu, por duas vezes em público, que iria restaurar o Teatro Municipal para entregá-lo à população de Valença. Então prefeita, aproveita a oportunidade e já faz o serviço por completo!!!
É válido informar, que todas as secretarias envolvidas já têm conhecimento do fato, assim como a prefeita. O Ministério Público já está agendado para o registro de queixa por crime de dano ao patrimônio público e nós do Conselho de Cultura de Valença estamos de olho.
FONTES:
www.chiquitinha maravilha.blogspot.com
(Irene Dóres - www.irenedoris.blogspot.com - crônicas, textos de teatro para escola e biografia da atriz)
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