"Acho que ainda há bolsões de intolerância muito fortes e não declarados no Brasil", declarou o atual presidente do STF
Dentre os temas abordados na conversa com a jornalista Míriam Leitão, Barbosa afirma que o Brasil não está preparado para um presidente da República negro e afirma que já sofreu com o racismo em sua trajetória profissional.
"Acho que ainda há bolsões de intolerância muito fortes e não declarados no Brasil. No momento em que um candidato negro se apresente, esses bolsões se insurgirão de maneira violenta contra esse candidato", declarou, citando que já existem casos deste tipo na mídia. Como exemplo, refere-se ao que considera uma invasão de privacidade do jornal Folha de São Paulo, que expôs a compra de um imóvel nos Estados Unidos feita por Barbosa.
O ministro também aproveitou para criticar os gastos públicos do Brasil: "O Brasil gasta muito mal. Quem conhece a máquina pública brasileira, sabe que há inúmeros setores que podem ser racionalizados, podem ser diminuídos". Ele também afirmou que no dia 1º de agosto irá anunciar a data em que serão analisados os recursos dos réus do mensalão, mas preferiu não dizer se estes serão presos ou não.
Em relação ao preconceito racial, Barbosa acredita que há um caminho muito maior para o país percorrer. "Ainda não vejo essa ascensão dos negros como algo muito significativo. Há muito caminho pela frente. Ainda há setores em que os negros são completamente excluídos", disse. Em sua opinião, o ministro também salienta que é preciso discutir abertamente o problema, caso se queira resolvê-lo.
O presidente do STF ainda confirmou que ele mesmo já foi alvo de racismo em suas experiências profissionais: "Discriminado eu sempre fui em todos os trabalhos, do momento em que comecei a galgar escalões. Nunca dei bola. Aprendi a conviver com isso e superar. O Itamaraty é uma das instituições mais discriminatórias do Brasil".
E, falando especificamente sobre o caso sofrido no Itamaraty, ele aproveitou para dar uma alfinetada: "Passei nas provas escritas, fui eliminado numa entrevista, algo que existia para eliminar indesejados. Sim, fui discriminado, mas me prestaram um favor. Todos os diplomatas gostariam de estar na posição que eu estou. Todos".
(Correio da Bahia)
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