quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Caetano Veloso lança seu novo CD 'Abraçaço'

A trilogia está encerrada. Depois de mudar de rumo e praticamente romper com um formato tradicional de canção que marcou suas grandes obras, Caetano Veloso fecha uma temporada iniciada em 2006 com o disco "Cê", seguida em 2009 com "Zii e Zie" e finalizada agora, com "Abraçaço" - todos gravados com arranjos e acompanhamentos da Banda Cê, um trio de sonoridade seca, roqueira e experimental formado pelo guitarrista Pedro Sá, o baterista Marcelo Callado e o baixista Ricardo Dias Gomes.

"Eu adoro trabalhar com eles, pode ser que continue, mas esse modo de fazer fecha-se aqui", disse Caetano em entrevista no fim da tarde de quarta-feira 5, no Hotel Emiliano, em São Paulo.

"Abraçaço", 49.º álbum de Caetano, amadurece sua proposta de rompimento estético - intensificado de forma ainda mais radical na produção e direção que assinou do álbum "Recanto", de Gal Costa - e o torna esteticamente menos "estranho" que o antecessor, "Zii e Zie". Ainda assim, estão lá os arranjos de ''barulhinhos estranhos'' e os solos de guitarras distorcidas que o unem aos anteriores e o fazem um disco mais para ser mais ouvido do que reproduzido em voz e violão. "Mas não é só isso que indica se uma canção funcionou ou não para uma pessoa", diz.

Uma das apostas do próprio criador, a da qual diz gostar mais dentre as 11 inéditas do CD, é a contundente "A Bossa Nova É Foda", que menciona em espécies de charada João Gilberto e Carlos Lyra para logo citar os lutadores de MMA Anderson Silva e Vitor Belfort, transformados pela força de um gênero criado pelo "bruxo de Juazeiro".

Sem dizer o nome de Carlos Marighella, Caetano fez para ele "Um Comunista", uma espécie de canção de protesto, um desejo antigo que sai em meio a filme biográfico, livro e outra música, "Mil Faces de Um Homem Leal", com clipe premiado na MTV, criados pelos rappers do Racionais MCs. "Não desisti de minha canção mesmo assim." "Gayana", que fecha o álbum, é a única não composta por Caetano. Tem a assinatura do recluso Rogério Duarte, artista gráfico e um dos mentores da Tropicália. Já a letra de "Parabéns", de Mauro Lima, era o texto de um e-mail despretensioso que lhe desejava parabéns por seus 70 anos.
(Estadão)

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