Em resposta à denúncia veiculada neste blog, assinada pela Sra Irene Dóres,
a Santa Casa de Misericórdia de Valença esclarece:
Entre os dias 4 e 10 de maio, a Santa Casa de Misericórdia de Valença registrou 04 óbitos neonatais. Dois desses óbitos foram de recém-nascidos com prematuridade extrema (22 semanas) e as gestantes já chegaram à Santa Casa com o feto morto, em período expulsivo.
O terceiro óbito foi de um recém-nascido no 4º dia de vida, que apresentava SEPSE (infecção generalizada), com necessidade de assistência de alta complexidade, incompatível com a estrutura da Santa Casa de Misericórdia de Valença. A equipe tentou de imediato a regulação para unidade com UTI Neonatal, e em paralelo iniciou tratamento de antibioticoterapia, mas não houve tempo hábil para o encaminhamento à unidade adequada.
No quarto óbito a que se refere a cronista, a gestante foi internada para parto natural, com boa evolução e tempo entre internamento e parto dentro do preconizado (internamento às 13:00 horas e parto às 19:00 horas). Ocorre que, no momento do parto, foi detectado duas circulares no recém-nascido, que nasceu cianótico, sem sinais vitais. A equipe iniciou as manobras de reanimação, com êxito, e solicitou imediata transferência para UTI Neonatal, porém o recém-nascido veio a óbito.
Vale ressaltar que, diferente do que pensa a cronista, um exame de ultra-som não detecta circular de cordão, e a paciente foi avaliada três vezes durante o período de trabalho de parto. Em todas as situações descritas, não houve qualquer indício de negligência, imperícia ou imprudência. Toda a equipe agiu da forma como preconiza o Ministério da Saúde e literatura médica obstétrica.
A maternidade da Santa Casa de Misericórdia de Valença trabalha adequada à proposta do programa Rede Cegonha, do Governo Federal, e é avaliada qualitativamente através de três indicadores essenciais:
Tx de Mortalidade Institucional;
Tx de Infecção hospitalar;
Tx de Cesárea conforme o perfil da Unidade.
Os indicadores acima citados apresentam uma evolução positiva significativa na Santa Casa de Misericórdia de Valença ao longo dos últimos anos. A taxa de mortalidade neonatal caiu de 1,48% em 2013 para 0,96% em 2014, conforme demonstra tabela abaixo.
Algumas ações que vêm sendo realizadas pela Santa Casa de Valença contribuem para a redução da mortalidade neonatal: a contratação de pediatras para a sala de parto em regime de plantão, um investimento mensal de R$ 36.600,00, melhorando a assistência ao recém-nascido nos primeiros momentos de vida; a articulação com a Secretaria Municipal de Saúde para aquisição de imunoglobulinas; a criação de POPs (Procedimento Operacional Padrão) para propor medidas de superação dos fatores determinantes de óbitos infantis; treinamentos dos profissionais de saúde com o recém-nascido são algumas dessas ações.
A Santa Casa de Valença ressalta que não está preparada estruturalmente para receber pacientes de alto risco. Quando recebe casos não compatíveis, a instituição busca apoio através da Central de Regulação do Estado, para que o paciente possa receber a assistência adequada à sua gravidade. Como instituição referenciada em 12 municípios, a Santa Casa de Valença, não raras vezes, recebe pacientes que não possuem perfil para assistência na instituição, que precisam ser regulados para uma unidade com atendimento de alto risco. Infelizmente, nem sempre a regulação do paciente é efetivada em tempo adequado, pela dificuldade de vaga vivenciada na saúde em nosso Estado.
É um equívoco da cronista pensar que o problema do parto está no Centro Cirúrgico da Santa Casa de Valença. A gestação bem sucedida se inicia durante o pré-natal, que quando realizado de forma adequada, reduz as complicações do parto. Infelizmente, ainda existe um percentual significativo de gestantes que não realizam adequadamente os cuidados pré-natais. Pensando nisso, a Santa Casa iniciou, no dia 6 de maio, o projeto Roda de Gestantes, reunindo mulheres grávidas e seus acompanhantes para as orientações básicas para os cuidados com a gravidez no pré-parto, parto e pós-parto.
Os benefícios do parto natural estão muito longe do aspecto financeiro. É sabido mundialmente que ele está diretamente relacionado à melhor recuperação da mãe e maior vinculação entre mãe e filho. O bom acompanhamento do período gestacional favorece a identificação das indicações para o parto cesáreo, melhora potencialmente as condições do parto, diminuindo os fatores que favorecem a morte materno-infantil.
A Santa Casa convida a Atenção Primária do Município a nos ajudar a fortalecer a rede de atenção às mulheres durante a gravidez, o parto e o pós-parto e, também, ao recém-nascido e às crianças até dois anos de idade, melhorando o movimento de humanização e qualidade proposto pela Rede Cegonha.
Por fim, a Santa Casa de Misericórdia de Valença reprova e lamenta a acusação da cronista, que fala de liberdade de imprensa sem praticar um jornalismo democrático e ético, sem ouvir a outra parte e sem averiguar qualquer informação. Em respeito aos médicos, chamados de “açougueiros”, enfermeiros, técnicos e todos os colaboradores da instituição, a Santa Casa submeteu a denúncia ao setor jurídico, para tomar as medidas legais que o caso requer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário