Aberta com vernissage às 19 horas do emblemático 19 de Abril, a exposição Redescobrindo, cujo titulo é também uma sutil brincadeira com o projeto teatral que o professor Juliano Britto desenvolve no Centro de Cultura há 5(00) anos, as telas expostas pelo primeiro refletem o cotidiano fantástico de cada brasileiro.
Já o poeta Otávio utiliza a técnica mista com reaproveitamento de antiquários traçando um parâmetro com a era cibernética. A instalação tem a proposta de reflexão da criação do homem aos tempos atuais. Assim, mostrando que bode velho ainda berra, Otávio, o homem do Apocalipse Man, vai do verbo ao pó. Despreocupado com a critica, exterioriza seu fazer numa grande obra que integra fragmentos de uma realidade cósmica.
Com o perdão das palavras, se ainda sobrar espaço para a poesia, Otávio e Juliano, parceiros de pré-histórias de eras imemoriais, não recusam o beijo indígena e numa união efetiva celebram bodas de cana.
Do não casamento, nasce na sexta, 20, às 20 horas a Orfã do Rei, texto do dramaturgo angolano José Mena Abranches, miscigenado e vivenciado pela atriz negra, de pele branca e alma indígena Suelma Costa. O texto cujo titulo era dado a meninas órfãs portuguesas criadas em conventos nos séculos XVI e XVII até atingirem idade para o casamento. Daí, eram então enviadas para as colônias a fim de se casarem com os portugueses que nelas viviam. Na história vivenciada a orfã entra em surto quando começa a compreender qual será o seu destino. Nasce então o conflito entre o seu corpo\desejos e a sua cultura\formação.
Numa provocação, as ações do texto que são desenvolvidas abrem espaços para a reflexão e transformação do Diretor\atriz\equipe envolve também a comunidade em relação ao que desconhecem dos seus próprios preconceitos arraigados pela cultura, ligados ao feminino e às diferenças culturais e étnicas. O Projeto, que não pretende ser um espetáculo, mas sim uma vivência sensitiva e implicada dessas ações, pretende também investigar caminhos – já conhecidos e os que forem surgindo no processo – de expressão e comunicação dos conteúdos que habitam o obscuro universo humano sem negligenciar o compromisso estético da arte e, ao mesmo tempo, questionando os olhares cristalizados sobre o belo e o não-belo.
A Mostra Integrada, que segue até o fim do mês, abre uma janela de possibilidades, leituras e interpretações que não se fecham em verdades, mas se reconstrói, numa pirâmide invertida, cuja base é o teatro, palco onde todos se re-encontram e (re)descobrem-se.
As atividades desenvolvidas pela MaCRo contam com o apoio do Jornal Valença Agora, Gráfica Prisma, Rio Mar Modas, CUT- Bahia, APLB Sindicato e Secretarias Municipais de Cultura e Promoção Social, através do Projeto Deixe Sua Marca.
(Por Adriano Pereira)
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