Protógenes (à direita), Amaury Ribeiro Júnior (ao centro) e Paulo Henrique Amorim (à esquerda) |
"O livro do Amaury é como 'cafezinho carioca', é gostoso de tomar e até vicia", brincou Protógenes. "Quando comecei a ler o livro e a acompanhar as pressões que este importante jornalista estava sofrendo, decidi dar minha contribuição. para dizer que esse jornalista não está sozinho."
"Não poderíamos demorar muito para não perder o 'timing' e perder o Amaury", lembrou. "Você viraria estatística, sofreria um 'assalto', diriam que reagiu e perderíamos um jornalista", insinuou.
O livro traz documentos e informações contra o ex-caixa de campanha do PSDB e ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil na década de 1990 Ricardo Sérgio, apontado como "artesão" dos consórcios de privatização em troca de propinas. Outro citado é o ex-governador paulista José Serra (PSDB), que tem familiares apontados como agentes de lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos na venda de estatais.
Para o delegado, ainda que Amaury Ribeiro Júnior detenha muita informação, mas outras pessoas investigaram casos relativos à privatização. "São informações complementares que muitas pessoas sabem. Já começamos a preparar uma rede para exercitar na CPI da Privataria.
"O pedido (de CPI) é um pedido dos trabalhadores, estudantes, é a resposta. O fantasma da privatização ronda o país", declarou o deputado. Embora a velha mídia tente taxar as denúncias como "requentadas" e já investigadas em outros momentos, como a CPI do Banestado (de 2004), o Protógenes afirma que os desvios das privatizações não passaram por escrutínio.
O requerimento foi protocolado nesta quinta na Câmara, com 185 assinaturas. "Só não teve mais assinaturas porque é o final do período (pré-recesso parlamentar)", comemorou Protógenes. Segundo ele, os parlamentares que assinaram o requerimento já não podem mais retirar o apoio. Os trabalhos devem começar a partir dos bastidores da privatização, com indícios de fraudes e movimentações suspeitas.
A expectativa é de que o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), abra a comissão em fevereiro de 2012, depois do recesso. O lançamento desta quinta foi o primeiro ato político concreto para demandar a CPI, segundo Protógenes.
Além de Protógenes, o autor do livro, Amaury Ribeiro Júnior, e o jornalista e blogueiro Paulo Henrique Amorim também participaram do evento, organizado pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.
RIOCENTRO
Paulo Henrique Amorim afirmou que o livro é "o coquetel, o antepasto do que vamos ver na CPI". Para ele, o alvo do livro e da comissão é "a maior roubalheira das privatizações na América Latina".
A seguir, lembrou que líderes como Alberto Fujimori, no Peru, Carlos Menem, na Argentina, Carlos Salinas, no México enfrentaram problemas com a Justiça. "Enquanto isso Fernando Henrique Cardoso cobra R$ 50 mil por palestra. Aqui o levam a sério", protestou.
O jornalista lembrou ainda que a privatização no Brasil "não é geneticamente diferente" da feita no México, na Argentina e no Peru. Para ele, todos esses casos foram marcados pelo que o prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz chama de "briberization" (distribuição de propina, em tradução livre).
Lembrou que Amaury afirma ter que a compra da Telemar na privatização das telecomunicações em 1998, houve pagamento de propina pelo empresário Carlos Jereissati a Ricardo Sérgio de Oliveira – ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil e ex-caixa de campanha do PSDB. E acredita que a CPI pode mostrar ação do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, e investigado pela Operação Satiagraha, da Polícia Federal, em 2008.
"A 'Privataria tucana' é a mãe de todos os malfeitos. A consultoria do (Antonio) Palocci, as ONGs do Orlando (Silva) e o duplo emprego do (Carlos) Lupi é coisa de criança ante a roubalheira da privatização", afirmou. Em alusão a três dos seis ministros do governo Dilma Rousseff que pediram demissão depois de serem acusados de envolvimento com tráfico de interesses e suspeitas de irregularidades.
Paulo Henrique Amorim vê o livro como a "bomba do Riocentro no colo do governo". O episódio de 1980 durante show em um momento em que o governo autoritário ensaiava abertura política e negava manter tortura e repressão. O episódio mostrou mentiras do então governo de João Figueiredo.
Para ele, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS) é o governo Lula e o governo Dilma. "Sem CPI do FHC, Dantas e Serra, todos os malfeitos prosperarão, mesmo o dos pés de chinelo", profetizou.
O jornalista cobrou um comportamento do governo Dilma análogo à chamada faxina implantada pela administração em ministérios alvo de acusações de corrupção. "Não adianta falar grosso com o Lupi e falar fininho com o Dantas."
(Rede Brasil Atual)
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