Funcionários da pasta são suspeitos de alterar um parecer e aumentar gastos de obras para a Copa do Mundo em mais de R$ 700 milhões
A procuradoria da República vai investigar uma denúncia de fraude no Ministério das Cidades. Funcionários da pasta são suspeitos de alterar um parecer e aumentar gastos de obras para a Copa do Mundo em mais de R$ 700 milhões.
A troca de sistema de transporte para a Copa foi definida em setembro. Dois dos três corredores expressos de ônibus previstos inicialmente foram substituídos pelo Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). A alteração elevou o custo da obra de R$ 423 milhões para R$ 1,2 bilhão. O governo federal entra com 30% do valor.
Segundo reportagem do jornal O Estado de São Paulo, para possibilitar a troca, um parecer técnico foi fraudado por funcionários do Ministério das Cidades, com o aval do ministro Mário Negromonte. O parecer, de agosto, assinado pelo analista Higor Guerra, dizia que os estudos de viabilidade apresentados pelo governo de Mato Grosso não eram conclusivos para a implantação nem dos corredores de ônibus nem do VLT.
Um mês depois, um parecer com o mesmo número, desta vez assinado pela gerente de Projetos, Cristina Soja, e pela diretora de Mobilidade Urbana do Ministério, Luiza Gomide, disse que os estudos recomendavam o uso do VLT.
O jornal teve acesso ainda a gravações em que Luiza Gomide reconhece que alterou o documento. A diretora de Mobilidade Urbana dá a entender que foi pressionada a mudar o parecer técnico por Cássio Peixoto, chefe de gabinete do ministro Negromonte, e por Guilherme Ramalho, coordenador de Infraestrutura da Copa no Ministério do Planejamento.
Higor se negou a assinar o documento e não quis gravar entrevista. O Ministério das Cidades negou a fraude. Em nota, diz que houve apenas uma reavaliação de um parecer técnico na conclusão da análise. Luiza Gomide negou que tenha sofrido pressão e disse que a revisão do parecer era necessária. “Continha vícios de linguagem, era subjetiva, tinha opinião pessoal”, argumentou.
A Procuradoria da República no Distrito Federal vai investigar a denúncia. O grupo de trabalho que acompanha projetos relacionados à Copa de 2014 vai analisar se houve prática de improbidade administrativa. Enquanto isso, o Ministério Público em Mato Grosso vai investigar a repercussão da suposta fraude na execução do projeto do VLT em Cuiabá.
O PPS quer que a Comissão de Fiscalização Financeira da Câmara investigue a denúncia. O PSDB pediu que o Ministério Público Federal apresente uma ação para afastar do cargo o ministro das Cidades. O governo de Mato Grosso declarou que o sistema ferroviário é o mais eficaz para a região metropolitana e que obteve autorização do Legislativo para tomar empréstimos e arcar com sua parte no investimento.
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