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quarta-feira, 5 de julho de 2017

Jornalista lança mapeamento de escritoras negras da Bahia...

No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e o Dia Nacional do Escritor, ambos em 25 de julho, reflete-se sobre a alarmante ausência de representantes negras em um dos espaços mais importantes de construção social: a literatura.

Buscando evidenciar a arte de mulheres negras baianas e em reforço à Década Internacional de Afrodescendentes, decretada pela ONU entre 2015 e 2024, a escritora Calila das Mercês, mulher negra, baiana, jornalista e pesquisadora em literatura, lança o projeto “Escritoras Negras da Bahia”. Reunindo o trabalho de poetas, contistas, romancistas e artistas literárias em geral, a iniciativa traz um mapeamento e diagnóstico das escritoras negras da Bahia e dá acesso a grupos minoritários à arte e literatura. 

Com o apoio financeiro do Governo do Estado, por meio do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Fundação Cultural e Secretaria de Cultura da Bahia, o projeto contempla três diferentes produtos. O primeiro deles é o website, que será lançado no dia 7 de julho, trazendo um mapeamento e diagnóstico das escritoras negras da Bahia, com acesso às redes sociais e blogs dos seus trabalhos, além de um perfil com histórico sobre a arte literária e atuações. “A ideia do site é fomentar a produção literária na Bahia, porque quem é da área sabe a dificuldade que é viver de literatura, principalmente para a mulher negra”, explicou Calila. 

Além do site, o “Escritoras Negras da Bahia” promove, entre 7 e 20 de julho, um ciclo de oficinas voltadas a mulheres de comunidades afro-indígenas, nas cidades de Alcobaça, Caravelas e Prado (Cumuruxatiba), Extremo Sul da Bahia, e duas palestras – uma na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus de Teixeira de Freitas, e outra no Fórum de Cultura, em Caravelas. Ao todo, serão mobilizadas 180 mulheres para tratar de temas como literatura, cinema, tecnologia e resistência, com as presenças das pesquisadoras Kênia Freitas, doutora em Comunicação e Cultura da UFRJ, e Raquel Galvão, doutoranda em Teoria e História Literária da Unicamp.

O último produto do projeto é um e-book bilingue (Português e Inglês), com textos acadêmico-culturais relacionados à negritude e à autoria negra, perfis de escritoras negras e intervenções artísticas na Bahia. “O diferencial do projeto é o ineditismo e também o alcance que ele terá, não apenas para potencializar uma única escritora, mas para fortalecer um coletivo de mulheres negras que fazem arte literária”, concluiu Calila.

A jornalista é doutoranda em Literatura na Universidade de Brasília (UnB), mestre em Literatura e Diversidade Cultural pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e bacharel em Comunicação social com habilitação em Jornalismo pela Universidade do Recôncavo da Bahia (UFRB). 

Idealizadora, roteirista e codiretora do curta-metragem "Antônio, o menino que queria ser Castro Alves", recebeu o Prêmio Pesquisa Literária da Fundação Biblioteca Nacional 2015 pela dissertação de mestrado que deu origem ao filme. Pelo projeto “Escritoras Negras da Bahia” recebeu o prêmio Antonieta de Barros - Jovens Comunicadores Negros e Negras pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Ministério da Justiça e Cidadania.

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