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sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Palavras de Irene Dóres: "A GUERRA SANTA"

Este ano, mais uma vez, tive a honra de acompanhar totalmente a procissão de Nossa Senhora do Amparo. Foi uma caminhada linda, a cada dez metros se via uma casa enfeitada de azul e braço e muitas bolas e confeites disparados sobre a santa. A cada esquina as pessoas entravam na procissão e aumentavam o contingente de peregrinos na cidade, até formar uma grande multidão cerca de oito mil pessoas. Espetáculo teatral na Praça da República e trio elétrico acompanhando a procissão. A procissão, como sempre, estava maravilhosa, mas o padre...

Vamos voltar um pouco ao passado: lembra que escrevi uma crônica falando da decisão da igreja em mudar a festa do Amparo, retirando do circuito os camelôs que aproveitam a oportunidade para garantir sua sustentabilidade? Se não lembra volta aí no blog (http://dendenews) e dá uma lida. Pois é, o padre tomou minha opinião de cronista como algo pessoal contra ele. Então selecionou um olhar para mim de persona non grata, por isso muitas vezes durante a missa da última novena e principalmente na procissão, esqueceu-se de rezar para me atacar. Eu estava lá trabalhando e apenas me diverti com suas pontuações. Cá entre nós, o padre parecia criança mimada gritando com o coleguinha, porque não lhe deixou usar seu brinquedo preferido. Verdade, achei engraçado como um padre deixa de rezar durante uma cerimônia religiosa para disparar queixumes contra alguém, por ter expressado sua opinião. Só se ele sabe que o que fez ou tentou fazer com os camelôs foi errado. Porque foi a única coisa que eu defendi de verdade.

Sou cronista, e como alguém da imprensa, tenho o direito de livre expressão garantido pela Constituição Federal art 5º, “IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;”. Parece que nem todo mundo sabe disso, por outro lado, eu não sou tão importante quanto a Santa para competir com ela. Não sei se o povo entendeu o que estava acontecendo, porém eu, parece que ganhei mais notoriedade, até estou aqui falando sobre o assunto outra vez.

Na boa gente, falando em mudanças, o povo da igreja adorou as mudanças, se sentiram mais seguros e elogiaram muito a prefeita Jucélia por ter assinado embaixo o pedido dos padres. Mas os comerciantes, de forma geral, não gostaram; disseram que os prejuízos foram enormes, me deram inclusive percentuais de perda de 80% nos ganhos durante a festa, até o dia sete; queixaram-se também que a movimentação durante as novenas caiu muito, posto que só subiam à colina as pessoas idosas para rezar e retornavam para suas casas após as missas. Reclamaram muito, porque as barracas no circuito foram proibidas, mas a igreja colocou três barracas em seu adro e que o entorno da igreja se transformou num estacionamento, enquanto que a proposta era não subir carros, exceto em caso de necessidade comprovada. 

Um clamor público que faço questão de enfatizar aqui e que foi minha defesa na crônica anterior sobre o Amparo, foi a presença dos camelôs que vendem brinquedos, bolas de plásticos para crianças e maçãs do amor. As pessoas são unânimes em falar que estes não devem sair do circuito porque as crianças vão para a festa pensando em descer dali com sua bolinha, depois de comer uma maçã do amor. A maçã para eles é tão importante quanto a própria festa. Isso eu ouvi de várias pessoas frequentadoras da igreja e visitantes. Passei dois dias lá em cima ouvindo pessoas, inclusive para atender a provocação do padre. A prefeita Jucélia está bem aplaudida por sua atitude, mas ao mesmo tempo que eles elogiam, dão vivas e pedem vida longa para ela, repetem que ela não pode permitir que os camelôs sejam retirados, porque eles não incomodam. Viva o povo ele é muito sábio. E Você Jucélia, que é uma prefeita do povo, não deve furtar-se a ouvir a sua voz.

Ia eu aqui citar a problemática contextual da proibição dos camelôs que fazem a tradição da festa, mas não foi preciso pois o advogado Alcides Bulhões explanou brilhantemente sobre o assunto, portanto, vou finalizar dizendo que EU TINHA RAZÃO, quando levantei a questão dos costumes e me posicionei contra a retirada dos vendedores de brinquedos de plástico para crianças e da maçã do amor, do circuito da festa.
(WWW.irenedoris.blogspot.com: crônicas, textos de teatro para escola e biografia da atriz)

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