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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Fonte Nova dará lucro ao Bahia; Vitória resiste a acordo

Com 86% das obras concluídas, Fonte Nova já voltou a compor a paisagem da cidade

A nova Fonte Nova será aberta ao público no dia do aniversário da cidade do Salvador. Concedido pelo governo do estado ao Consórcio Arena Fonte Nova, administrado pela OAS/Odebrecht, o estádio inaugura uma nova era de conforto e segurança para os baianos.

Mas não serão apenas os torcedores que serão agraciados com as comodidades da praça esportiva. Bahia e Vitória têm tudo para também lucrar mandando seus jogos no local. O vínculo do Bahia com a Fonte Nova já está definido. Em contrato assinado com o consórcio para atuar no estádio pelos próximos cinco anos, o tricolor garantiu um mínimo de R$ 9 milhões anuais.

O negócio garante ao clube um acréscimo de pelo menos 44,7% em sua receita de bilheteria na próxima temporada. Em 2012, jogando em Pituaçu, o Bahia arrecadou R$ 6.217.943,01 líquidos, em 35 jogos pelo Baianão, Copa do Brasil e Série A. O acordo traz também uma base de cálculo que pode aumentar ainda mais o lucro do tricolor. Para efeito de cálculos, o Bahia, em qualquer jogo, tem direito a 65% da renda liquida.

Contudo, se a Arena Fonte Nova tiver sua capacidade entre 50% e 75% ocupada, o clube arrecada 75%. Com todos os ingressos vendidos, esse número sobe para 85%. Ao fim da temporada, se a parte que cabe ao Bahia superar os R$ 9 milhões, o consórcio pagará a diferença ao Esquadrão.

"Nossa expectativa é a de passar sempre do valor mínimo. A Fonte Nova é um estádio mais central que Pituaçu e é onde nossa torcida gosta de ver o time. Tenho certeza que nosso público lá será maior que a capacidade de 50% do estádio", disse, sem confirmar números, o presidente do Bahia, Marcelo Guimarães Filho.

Segundo demonstram os borderôs da Confederação Brasileira de Futebol e da Federação Bahiana de Futebol da temporada 2012, o tricolor teve média de 15.628 pagantes por jogo, com o custo médio do ingresso a R$ 20. A Arena Fonte Nova terá capacidade para 50.433 pessoas e o preço dos bilhetes ainda não foi definido, mas há o consórcio estima o valor médio em R$ 39.

Assim, em uma temporada completa com a atual média de público do Bahia, o total arrecadado pelo estádio, sem descontar os impostos e encargos (de cerca de 40%) seria de R$ 21.941.712,00. Num cálculo grosseiro, caberia ao tricolor aproximadamente R$ 8,5 milhões. Ou seja, para arrecadar mais, o Bahia realmente precisaria aumentar a presença de seu torcedor nas arquibancadas.

Números pressionam Leão - Até o momento, o Vitória, diferentemente do Bahia, fez um acordo para mandar apenas cinco de seus compromissos de 2013 na Arena Fonte Nova. O rubro-negro, que ao contrário do tricolor tem seu estádio próprio, o Barradão, descarta a possibilidade de passar a atuar exclusivamente na nova praça esportiva.

Mas os valores podem pressionar a diretoria do Vitória. Caso o consórcio oferecesse ao clube um contrato similar ao do tricolor, com o mínimo de R$ 9 milhões anuais, seria difícil abrir mão de um acréscimo de 161,3% em receita de bilheteria.

Em 2012, com 36 jogos no Barradão, o clube arrecadou R$ 3.444.599,21 líquidos, com o preço médio do ingresso a R$ 15,45 e média de público de 12.655 pagante por jogo. "Os números desta maneira, crus, impressionam, mas temos que lembrar também que jogamos a Série B este ano e que ainda teremos a Copa do Nordeste daqui pra frente. Isso pode fazer esse quadro mudar um pouco a nosso favor", ressalta Carlos Falcão, vice-presidente do Leão.

Em favor do Vitória, o dirigente argumenta com outros fatores além do dinheiro obtido com a venda de ingressos. "Financeiramente, não é somente a questão da bilheteria. Temos outras receitas importantes, que no caso da Fonte Nova o lucro iria inteiro para o consórcio, como em relação a algumas placas de publicidade, a administração de bares, lanchonetes e lojas. Há ainda o potencial de outras fontes, como estacionamento".

Comparando o demonstrativo financeiro da dupla Ba-Vi de 2011, fica evidente que o argumento é válido. Ao passo que o Bahia declara que cerca de R$ 4 milhões de sua receita é oriunda de patrocínios,publicidade e royalties, no Vitória este valor chega ao triplo: R$ 12 milhões.

O dirigente explica também que há um componente da tradição e da cultura do torcedor rubro-negro, que tem o Barradão como sua casa. "Para fazer uma mudança dessa, teríamos que discutir isso muito internamente e com os nossos sócios e torcida. Por isso, acho difícil acontecer uma ida radical para a Fonte Nova".
(A Tarde)

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