Mãe Celidalva, nação ketu, em Valença - Foto: A Tarde |
O Terreiro Ilê Axé Ori Torokê faz parte do mapeamento de espaços religiosos de matriz africana lançado na última sexta-feira (9/11), no Forte de Santo Antônio, no Centro Histórico de Salvador. De acordo com os dados encontrados, Valença é o Município do Baixo Sul com o maior número de terreiros, 34 ao todo. Já Piraí do Norte, o menor, com apenas uma casa identificada.
Mãe Celidalva diz que a possibilidade de auxílio do Estado, a partir do mapeamento, é um incentivo para continuar a luta. "Para manter terreiro tem que ter muito jogo de cintura. Os filhos da casa ajudam, mas quem toma a frente é sempre a liderança", diz ela que batalha para equilibrar as obrigações religiosas com o trabalho de servidora pública.
O evento em salvador fez parte da série de ações que integram o Novembro Negro e teve a presença da ministra da Secretaria de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial, Luíza Bairros.
De acordo com o secretário de Promoção da Igualdade Racial do Estado (Sepromi), Elias Sampaio, a ideia é fornecer subsídios para a elaboração de políticas públicas. “É uma entrega para a comunidade e para o povo de santo de um conjunto de informações acerca dos espaços de religiões de matrizes africanas”.
Ele informou que Salvador é um dos primeiros lugares a ter uma pesquisa desta natureza, “muito bem elaborada, um trabalho do professor Jocélio Teles e de Paula Barreto, que surpreende e mostra um grande conhecimento das religiões matrizes africanas”.
O trabalho foi iniciado em 2008 e percorreu 19 cidades do Recôncavo:
-- Cabaceiras do Paraguaçu
-- Cachoeira
-- Castro Alves
-- Conceição do Almeida
-- Cruz das Almas
-- Dom Macedo Costa
-- Governador Mangabeira
-- Maragogipe
-- Muniz Ferreira
-- Muritiba
-- Nazaré
-- Santo Amaro
-- Santo Antônio de Jesus
-- São Felipe
-- São Félix
-- São Francisco do Conde
-- Sapeaçu
-- Saubara
-- Varzedo
Na pesquisa foram identificados 420 terreiros, a maioria de nação Ketu - 142 ao todo. Na região, Santo Amaro é o município com o maior número de templos (60) e Muniz Ferreira com o menor (um).
Políticas públicas
A ministra Luiza Bairros disse que a partir destes dados serão elaboradas políticas públicas mais especificas.
“Isso traz para nós, dos governo federal e do estado, uma responsabilidade maior, na medida que conhecemos mais esta realidade. Também temos melhores condições de traçar algumas políticas voltadas a apoiar esta tradição e tudo aquilo que ela representa para cultura da Bahia e o Brasil de uma maneira geral”.
Segundo ainda Bairros, o mapeamento, “assim como feito aqui na Bahia, também está sendo realizado em outras regiões do país como Belém, Porto Alegre, Recife e Belo Horizonte”.
Na região do Baixo Sul 14 municípios foram mapeados:
-- Aratuípe
-- Cairu
-- Camamu
-- Gandu
-- Igrapiúna
-- Ituberá
-- Jaguaripe
-- Nilo Peçanha
-- Piraí do Norte
-- Presidente Tancredo Neves
-- Taperoá
-- Teolândia
-- Valença
-- Wenceslau Guimarães
No final, foram identificados 116 templos religiosos, subdivididos em 26 nações diferentes.
“Faz parte de nossa história. Sem essa geografia não há como saber de onde é e como está localizado. Às vezes sabemos os nomes, mas não sabemos a localidade. Acho muito boa ideia, uma obrigação de todo brasileiro de valorizar e relembrar nossa história”, afirmou Mãe Stella, ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá.
Intitulado Mapeamento dos Espaços de Religiões de Matrizes Africanas do Recôncavo e Baixo Sul, o trabalho foi feito em parceria do Governo Federal com a Sepromi.
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