Valorização da identidade comunitária por meio de produções audiovisuais
O projeto Cinema e Sal, que tem como público-alvo crianças e adolescentes de regiões pesqueiras no arquipélago de Cairu, está desenvolvendo atividades de forma itinerante entre as comunidades de Garapuá, Gamboa e Boipeba. O trabalho envolve o resgate da cultura marítima e o desenvolvimento da acessibilidade audiovisual. A ideia é descobrir novas formas de representação de si mesmo e das próprias comunidades. Três pontos são destaque no projeto: oficinas de produção, mostras de documentários e formação de rede\bases audiovisuais.
A produção-executiva é de Cecília Amado e a direção-geral é de Lara Belov. “As comunidades foram escolhidas através da convivência nos territórios e da observação do potencial e das necessidades das vilas do arquipélago de Cairu. Somos formados por uma equipe híbrida da área de educação e cinema; parte das pessoas é do próprio arquipélago, parte de Salvador, mas todas convivem no arquipélago”, explica Lara. “Assim, pudemos perceber a diversidade existente entre as ilhas e também os pontos que as unem. A escolha de três diferentes comunidades traz o desejo de alimentar os vínculos e a articulação local, estimulando a formação de uma rede audiovisual entre as ilhas, com o potencial de levar e trazer histórias pelo arquipélago.”
A diretora também conta que veleja o arquipélago de Cairu há mais de 20 anos. Ao conviver com essas comunidades locais, Lara passou a refletir sobre como os moradores dessas regiões acabam sendo prejudicados – do ponto de vista de identidade, memória e autoestima – por ações exteriores, como especulação imobiliária, exploração de trabalho e dos recursos naturais. “Andando por essas ruas de areia, dois sons me chamavam atenção, o do mar e o da televisão, e então veio a pergunta: se todos somos consumidores de imagens e sons, por que não sermos também produtores deles?”, questiona. “E aí vêm o Cinema e Sal e o audiovisual comunitário como ferramenta para que as comunidades possam contar sua própria história através do olhar genuíno dos jovens.”
Ela complementa: “O projeto surge também como instrumento na luta pelo direito à comunicação, porque, além de uma vida digna, o ser humano merece uma representação digna nas diversas telas e suportes midiáticos”.
A primeira etapa possui duas atividades: as oficinas de documentário são destinadas a crianças e adolescentes, e as oficinas audiovisuais para práticas pedagógicas são voltadas para professores da rede pública de ensino e jovens monitores. Depois disso, serão realizadas as Mostras Cinema e Sal, com a exibição dos filmes produzidos e de outros curtas brasileiros e latino-americanos – todos seguindo a temática da relação do ser humano com o mar ou que tenham sido realizados a partir de práticas de cinema comunitário.
As mostras são gratuitas e abertas ao público, com exibições realizadas sempre a partir das 18 horas. Já aconteceu em Garapuá (19 e 20 de novembro), esta semana será na Gamboa (10 e 11 de dezembro), e 18 e 19 de fevereiro de 2017, em Boipeba.
A última parte do projeto é a formação de rede e bases audiovisuais. Nesse momento, cada ilha receberá um kit com câmera, tripé e computador capacitado para edição de vídeo. O intuito é permitir a continuidade da prática e do conhecimento audiovisual. O material será entregue em escolas públicas.
(Itaú Cultural)
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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016
Projeto Cinema e Sal realiza exibições em Garapuá, Gamboa e Boipeba...
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