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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Aluna da APAE é a vencedora de concurso nacional...

Poderia ser mais uma história de abandono, preconceito e falta de oportunidade. Mas, felizmente, diferente de algumas pessoas que são discriminadas por possuir algum tipo de deficiência, Raiana Lima de Oliveira, 16, estudante do Centro Educacional Especializado da Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (Ceduc/Apae), é um exemplo de superação e conquista.

Ela é a vencedora do 6º Concurso de Desenho e Redação, promovido pela Controladoria Geral da União (CGU), na categoria Desenho. O certame foi promovido entre estudantes do 1º ao 5º ano do ensino fundamental.

Com o tema "Acesso à informação, um direito de todos", dos mais de 190 mil alunos inscritos em todo o país, foram selecionados 588 desenhos e um escolhido um trabalho vencedor, justamente o da estudante baiana.

Quando indagada sobre o que ela pensou quando estava no processo de criação, Raiana foi categórica: "Na população". O desenho traz as cores e o formato da bandeira do Brasil. Na imagem, índios, negros e brancos são representados com igualdade e possuem a chave do Congresso Nacional, além de um cadeado nas mãos.

"Este é o lugar onde eles [os políticos] se reúnem para decidir. Este lugar tem que dar acesso à sociedade", defendeu Raiane.

Aurelina Oliveira, 55, dona de casa, avó de criação de Raiana, não acreditava que a neta fosse ganhar. "Quando eu a coloquei na escolinha, me disseram que a dificuldade de Raiana era falta de palmada", lembrou Aurelina.

Atendimento
Raiana é uma das 1.105 crianças, adolescentes e adultos com deficiência intelectual que são atendidos na Apae de Salvador todos os anos, nas unidades educacional, profissionalizante e de acompanhamento no trabalho.

Segundo a professora Miralva Marques, 55, coordenadora pedagógica da Apae, "Raiana apresenta deficiência intelectual de grau leve, se encontra com quadro estável, executando atividades escolares na rede regular de ensino, com acompanhamento educacional especializado".

Raiana é descrita como uma criança educada, meiga e prestativa. "Quando a gente faz as coisas com amor, tudo sai bem feito e daí colhemos os frutos. Raiana procura fazer tudo com esmero", falou Teodora Cerqueira, 49, arte-educadora da Apae.

Projeto estimula criatividade para alunos superarem dificuldades
Foi como forma de superar marcas do bullying sofrido na escola onde estudava que Sara Silva Gonçalves, 13 anos, aluna da Escola Municipal Artur de Sales (bairro da Santa Cruz), lançou o primeiro livro, "A Importância do Perdão", em 2013. O livro foi apresentado para todos os alunos em sala de aula pela própria autora.

"Foi proposto que ela colocasse para fora o sentimento da exposição que sofreu", diz Karine Monteiro, 38, professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE), projeto do Ministério da Educação adotado pela secretaria da Educação da capital.

"De acordo com a deficiência, vamos fazendo as adaptações para facilitar a inclusão do aluno na escola e propiciar um aprendizado mais completo em sala de aula", explica Karine.

Sara tem uma síndrome rara que provoca envelhecimento precoce. "Na última consulta disseram para mim que não tinha mais o que fazer com a minha filha", conta Márcia Silva, 43, diarista.

Ela leva a filha, desde pequena, a hospitais, inclusive na Apae, mas os médicos não dão uma resposta precisa sobre o problema da garota.

Mas, para Sara, que tem o desejo de “ser uma grande escritora”, pelo menos a situação ruim nos tempos de perseguição psicológica na escola ficou no passado.

A aluna lançou o segundo título, A Bruxinha Mauricéia, na mostra de experiências educacionais inclusivas da prefeitura, no ano passado, e resume o estado de espírito atual: “Me sinto feliz”.
(A Tarde)

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