Uma parceria de Nine e M. D. Amado
Me sinto mais leve quando o dia se finda, e o peso da luz do sol, não encharca o corpo de suor e medo. Quando a fresca da noite, adentra as portas, e sacode as cortinas com vento cortante de frente fria. E o medo adormece com o sonho, e o corpo parece levitar em realidades distantes.
Me sinto mais seguro quando os olhos estranhos não me fitam, me acusando, me julgando, me desejando. Quando apenas a luz do meu abajur ilumina poucos metros diante de mim. E o meu mundo silencia as palavras que não desejei ouvir.
Me sinto mais seguro quando os olhos estranhos não me fitam, me acusando, me julgando, me desejando. Quando apenas a luz do meu abajur ilumina poucos metros diante de mim. E o meu mundo silencia as palavras que não desejei ouvir.
Me sinto mais sóbrio quando meu corpo molhado relaxa, sentado, escorado na parede do banheiro. Quando a água leva embora a poeira dos meus versos jogados ao nada, dedicados a quem nunca os ouviu. E meus olhos se fecham, desejando não enxergar nada mais.
Me sinto mais protegido, quando encerrado num quarto trancado, deixo as cores da maquiagem escorrerem cuidadosamente para o frasco das hipocrisias cotidianas. Quando não há perigos de ser descoberto sendo algo alheio à realidade. E enceno em sonho, todas as verdades desejadas sem medo.
Mas raia o dia, e se vai a calma, com o frescor da noite. Luto contra as horas, desejo dormir mais, ou beber qualquer cálice de vinho, que prolongue o sono, ou aumente o torpor, diminuindo a dor lacerante, que é amanhecer para a realidade todos os dias.
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